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“RUN” [1X06] – A melhor interação

* Este texto se refere ao SEXTO EPISÓDIO da PRIMEIRA TEMPORADA da série “Run”. Clique aqui para ler a crítica do quinto episódio.

Considerando que RUN tem a previsão de sete episódios, se o nível, até o quinto, foi (no máximo) fraco, não seria exagero prever um sexto episódio limitado a tal patamar. Cabe então pescar os maiores destaques.

Negativamente, a série de Vicky Jones se propõe como uma comédia de humor negro, porém não tem êxito algum nesse quesito. Tampouco o tem quando passeia por outros gêneros. No caso do sexto capítulo, os minutos iniciais, de suspense gerado por um cliffhanger do episódio precedente, são extremamente frustrantes justamente pela expectativa pretensamente criada. É muito barulho por nada.

(© HBO / Divulgação)

Aliás, exceto por duas belíssimas músicas (“I will always love you” e “Born to run”) que dialogam bem com a narrativa nos instantes finais, barulho é o que Ruby (Merritt Wever) e Billy (Domhnall Gleeson) sabem fazer de melhor. Impressiona a habilidade do grupo de roteiristas em criar diálogos rocambolescos em que os dois brigam pelos mesmos motivos. Se bem elaborada, a verborragia pode ser benéfica, porém “Run” a emprega da pior maneira possível, transmitindo uma sensação constante de déjà vu (eles já não brigaram por este mesmo motivo?).

Trata-se, contudo, de erros repetidos, o que denota que a série não evolui (tanto em visão micro, no roteiro, quanto no aspecto macro, enquanto obra audiovisual). Transbordam contradições (por que Ruby reclama tanto que precisa de um banheiro se no fim acaba utilizando o “mato”?), backstory mal explorado (a conversa sobre filhos) e coincidências inaceitáveis (o cliffhanger do final, do casaco e do trem).

De positivo, surge um subplot com potencial envolvendo Laurel (Phoebe Waller-Bridge) e a Xerife Cloud (Tamara Podemski). Primeiro, a policial convence como uma profissional surpresa por uma situação com a qual não está acostumada (afinal, a cidade é pequena). Depois, Podemski interpreta com espontaneidade uma mulher sem tato para uma abordagem nada sutil da interlocutora. Longe do genial, a interação entre as duas é o que o episódio tem de melhor – e fácil destaque da série como um todo. Talvez, graças a elas, tenha sido o menos ruim.